Monte Roraima

Novamente confesso que quando um amigo me sugeriu o Monte Roraima em um roteiro não dei muita atenção, mas ele felizmente insistiu, esse Tapui fica na fronteira do Brasil com a Venezuela, e a trilha mais simples é pelo país vizinho.

O Tapui é uma formação rochosa imponente, parece uma grande e sólida caixa de pedra, mas funciona como um coletor de água muito eficiente, dezenas de cachoeiras se formam ao seu redor, o Monte Roraima é o maior deles, tem parte em 3 países: Brasil, Venezuela e Guiana e visto no horizonte é majestoso.

No primeiro dia de acampamento conversei um pouco com guias de outros grupos, descobri que lá era um destino muito procurado por holandeses, franceses e britânicos, mais de 2000 pessoas por ano subiam os paredões do Monte Roraima, mas curiosamente, os brasileiros não chegavam a 2% desse montante.

O segundo dia de acampamento foi bem mais modesto, dormimos em uma cabana na base do Monte Roraima, bastante mal tratada, mas suficiente.

São 3 dias pra chegar ao topo, a trilha começa bem tranquila, no primeiro dia andamos em terreno praticamente plano, no segundo algumas subidas já se apresentam, mas é o terceiro dia que faz diferença, por quase quatro horas engatinhamos na encosta do Tapui pra chegar ao topo, onde praticamente outro mundo nos espera.

No topo a paisagem tem um quê de superfície lunar, e no caso do Monte Roraima ainda surpreende pela enormidade, não vemos fim olhando pra um lado, nos encantamos com o abismo no outro lado e tudo parece muito especial.

O clima é completamente louco, considerando que o monte fica praticamente no equador havia a expectativa de calor, só que não, clima ameno de montanha era mais presente, completamente inconstante, com garoa e chuva intercalando com momentos de sol o tempo todo, uma experiência única.

Acampamos próximo da entrada da trilha, mas nos dias seguintes caminhamos pelo Monte Roraima, fomos surpreendidos por animais raros, como um sapo que não supera uma unha em tamanho, grutas e terrenos com afloramento de cristais, tudo reforçava a sensação de estarmos em um mundo a parte.

Na parte alta a água se mantinha constante nas trilhas, afinal chovia muitas vezes ao dia, havia também um pequeno riacho onde podíamos abastecer os cantis, esse riacho me lembrou um poucoem termos de cores e formação rochosa o que já conhecia na chapada dos veadeiros, mas tinha seu charme próprio.

No segundo dia fomos presenteados com um entardecer fabuloso, com direito a lua fazendo pose pra fotografia, além de um arco-íris, de onde estávamos (buscando fotos) ele até parecia terminar próximo do acampamento.

Foram 3 dias no topo, o retorno foi mais rápido e como crianças que visitaram voltamos pra Boa Vista, lá experimentamos o pato no tucupi, feito pelo próprio guia, é interessante o formigamento que o molho extraído da mandioca brava provoca.