O Pico da Pedra da Mina se tornou um ponto de interesse assim que soube ser este a quarta montanha mais alta do Brasil, com seus 2798m supera o vizinho Pico das Agulhas Negras em uns 8 metros somente, mas a travessia para passar por ele já carregava a fama de trilha difícil há muito nas minhas pesquisas, uma travessia de 4 dias, pouca distância a percorrer, mas com uma peculiaridade muito importante, poucos pontos de água.
O começo da viagem foi numa simpática pousada em uma não menos simpática e tranquila cidade no sul de minas, os passarinhos em abundância e o farto café da manhã não nos deixaram esquecer onde estávamos, me diverti caçando fotos dos passarinhos.
A Serra Fina se divide entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira, relativamente próxima do conhecido Agulhas Negras, a trilha não é exatamente popular, em geral só se encontra água no final do segundo dia, portanto quem resolver subir ao pico terá de levar muita água pra garantir não só o consumo durante a caminhada, mas também o necessário para cozinhar na primeira noite, isso significa uns 8 litros por pessoa, só de água, sem considerar o resto do equipamento necessário como barracas, roupas e comida, enfim, mochila cargueira no sentido literal da palavra.
A região é belíssima, eu sei que nem precisaria dizer isso, a Mantiqueira com seu “Mar de Morros” sempre me encantou, mas geralmente quente e nós fomos premiados com um céu azul sem nuvens, pra fotografar foi ótimo, mas com o previsto racionamento de água, sobrou gente desidratada na tarde do segundo dia, sem dúvida andávamos movidos pela perseverança que todo aventureiro deve ter, mas certamente não no ritmo que poderíamos andar, o corpo já não respondia 100%.
Encontrar água ao fim do segundo dia foi quase tão bom quanto assinar o livro que fica no pico da Pedra da Mina, sensações muito especiais essas, alívio e conquista.
Depois de vencida a ladeira de início da trilha ela não apresentou mais dificuldades, acampamos logo que chegamos a uma parte alta, no segundo dia andamos como de costume pela cristas e foi bem tranquilo, estávamos mais leves e secos também, até ali sem uma gota de chuva, que só veio no terceiro dia, alias. O Acampamento do segundo dia foi próximo do ponto de água e este por sua vez ficava bem próximo do Pico da Pedra da Mina (talvez venha dai o nome).
Não faltavam morros pra tirar fotos, mesmo todos muito parecidos eu praticamente não percebi isso, olhando as fotos perceberá, a novidade da paisagem veio mesmo após passarmos do pico, um mar de nuvens cobriu o vale, foi fantástico ver isso acontecendo aos poucos, andamos por cima delas por mais de hora, ao fundo ainda se via Agulhas negras, com sua silhueta característica, foi muito legal.
Enfim entramos na mata e a descida começou, bem mais agradável para andar, menos peso, mais pontos de água e muita sombra, afinal o sol ainda estava lá firme e forte, o grupo não era grande, cerca de 15 pessoas, então caminhávamos com certa agilidade.
A travessia da Serra Fina e suas características não é uma trilha fantástica, mas eu guardo com carinho a experiência, valeu cada segundo.