Em meio a uma quarentena, primeira de minha vida, me peguei ponderando a necessidade de algumas ações e o custo delas especialmente.

 

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Precisamos considerar que para cada problema há um remédio, as vezes amargo, mas também que o excesso de remédio pode trazer mais prejuízo que solução, geralmente só percebemos a dose exata quando podemos testar, experimentar, e estabelecer os parâmetros adequados. Mas  grandes problemas não nos dão o tempo que precisamos, certo?

Nos casos que não temos tempo a cautela é o caminho adequado, ou você questiona quantos metros tem que correr para fugir de uma onça? Tenho certeza que corre tudo que puder, você, como eu, não deve ter a mínima ideia de quanto uma onça corre.

Claro que essa ignorância torna tudo mais difícil, vou extrapolar, o desconhecido torna tudo mais difícil, e a segurança virá somente quando passar o tempo necessário para ela seestabelecer, ou seja no tempo que tiver de vir.

 

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Aqui então é o ponto que quero chegar, a cautela é um jeito de darmos ao tempo uma chance de nos ajudar, não é medo, é bom senso, e como sabemos os heróis são sempre os primeiros a morrer, enfrentam as onças do caminho!

Você talvez esteja pensando que precisa agir como heróis pois é isso que esperam de você, sua família espera que a proteja, seus amigos esperamque os ajudem, nada de errado nisso, mas como um herói pode ajudar alguém se a onça matá-lo? Eis a questão, é exatamente a cautela que permitirá cumprir o que esperam devocê, mas sua consciência vai questionar isso, então sugiro um complemento a cautela, a comunicação.

Sim, não basta fazer sua parte, se sua consciência pede que seja um herói, ou se seu egoísmo pede que salve-se sem pensar em mais nada nem ninguém, não importa, sua consciência é problema seu, ok?O que importa é deixar claro o que fará e assim permitir que outras pessoas tomem sua própria decisão, seja qual for a dose que decidir que escolher para o problema.

Para cada dose há um custo, nem sempre namesma moeda, para correr mais rápido talvez tenha que abandonar sua bagagem, mas lá há sua roupa, sua comida e algumas coisinhas que gosta muito, mas decidir ficar com a bagagem pode ter tornar a comida da onça, então é importante entender que há momentos que perder faz parte, mesmo porque nada na vida vale sua vida, e mesmo a vida passa, tudo passa.

 

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Outro ponto que levantei enquanto ponderava é que ao agir não podemos perder a visão do que temos a frente, de nada adianta fugir da onça e cair num barranco, certo? Ou seja não basta correr!

O que é preciso fazer quando enfrentamos o desconhecido é então muito simples, é preciso fazer cautela para nos mantermos fortes no dia seguinte, sem perder a noção do caminho que escolhermos, manter a comunicação clara do que fazemos dialogando pra que mais ideias venham e ajudem a resolver o problema  e permanecer atento a cada sinal do que ocorre, para que evitemos doses exageradas enquanto o tempo providencia sua mágica, resolve o assunto.

Mas não se engane, nesse caminho certamente erraremos muito antes de achar a melhor solução, aqui é preciso atentar a outros pontos que nos ajudam em momentos complicados, nossos valores.

Quando temos consciência de nossos valores evitaremos confusão nas decisões, que nesses momentos são mais difíceis, não teremos cautela demais por medo, nem cautela de menos, cedendo a pressão da onça, não falaremos sem medir consequências, para não criar impasses e dar tempo a onça pra fazer o que interessa a ela, ou tirar o foco da solução. Não iremos gerar problemas paralelos pra não perder os detalhes da solução que estamos tentando, se perdermos esses detalhes é grande a chance de exagerarmos a dose. Sem valores é provável perdemos tempo.

 

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Que valores?

  • Humildade para estar atento a qualquer solução, não importa de onde venha, e não importam os likes na rede social pra quem a trouxer.
  • Paciência para não se precipitar e desperdiçar a energia limitada que temos
  • Bom senso para saber que nada é mais importante que uma vida e só ela vale a pena preservar e ela não tem preço.
  • Ética para não legitimar a pressão das onças.
  • Compaixão para sequer pensar em levar vantagem do momento.

Nesse momento desagradável, fragilizados por uma onça microscópica que ainda não sabemos como combater, temos no mínimo a oportunidade de fortalecer nossos valores humanos, quando isso acabar (e é certo que vai acabar em breve), podemos perceber que essa onça nos fez um favor, por mais caro que isso nos custe, tornou nossa sociedade melhor, a outra opção que nem quero considerar é perceber que perdemos algo muito mais importante que alguns anéis, nossos valores.

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