
Praticamente todas as pessoas com quem converso atualmente falam como o tempo anda curto, o mundo acelerado e as consequências dessa falta de tempo, não que se lamentem, mas geralmente constatam o fato. Esforços dessas pessoas certamente não faltam pra resolver a situação, imprevistos pra arruinar o já frágil planejamento, também não!
A correria suga toda a energia, nos tira a espontaneidade, o humor e a paz de espírito, muitas vezes limita nossa criatividade e tem consequências certeiras e negativas na nossa saúde, entramos em um modo automático e com a ajuda daquela força de origem desconhecida que vem lá do fundo da alma, superamos.
O curioso é que as características consumidas pelo modo automático são exatamente as que nos ajudariam a vencer com mais sabedoria a correria que a modernidade nos impõe.
O segredo para manter essas características pode estar ser encontrado no significado delas, se observarmos o “espontâneo” descobriremos que tem sua origem significados como “de livre vontade”, “voluntário” e essa é uma atitude boa, se agirmos com atitude voluntária, sem o questionamento constante do porque disso ou porque daquilo, atuando de livre vontade para lidar com os pontos que nos são colocados, certamente esses pontos terão a solução adequada, independente de qual for. A atitude espontânea sempre trará apoio de muitos que participam do mesmo problema, e com apoio se encontra ainda mais força.

E a criatividade, ah, muitos julgam não tê-la em quantidade suficiente ou até ela não se aplica aos problemas comuns do dia a dia, vejamos, criar está relaciona a “dar existência” a alguma coisa, “dar forma”, e aqui me ocorre que todos temos essa capacidade, uns com maior habilidade, claro, mas sempre podemos olhar os problemas de frente, entender sua forma (e cada um vê de um jeito),

independente de suas causas e então imaginar a forma que desejamos que ele tenha, pronto, estabelecemos um caminho para “dar forma” nova ao problema e acreditem, passaremos pela causa dele podendo então corrigir a mesma.
O mal humor considero um sinal, no sentido de que o corpo está tentando nos dizer algo e que teimamos não ouvir, ele existe pra que os outros nos digam que algo anda errado, os amigos certamente dirão, os inimigos não importam, quem está no meio do caminho entre amigos e inimigos ganham a chance de escolher um lado, e isso é bom pra nós, descobrir a escolha de cada um. Mas atenção, mal humor constante é caso pra psicólogo ou psiquiatra, então não tente consertar o mal humor de ninguém, essa atitude termina sempre mal, o aviso educado basta como atitude de amigo 🙂 .
Em relação a paz de espírito, ah, esse é um truque da mente, sempre que estou com a cabeça confusa por muitos pensamentos lembro da imagem dos macaquinhos pulando de galho em galho em uma das passagens do no Samsara, que nos textos que li a esse respeito simbolizam os pensamentos, considero uma imagem perfeita, você já tentou acompanhar um macaco pulando de galho em galho em meio a muitos? focar em apenas um, ou tentar controlar esses macaquinhos? Recomendo uma visita ao zoológico para passar pela experiência única da total incompetência para essas tarefas.
A imagem me ajuda a entender que quando a mente desanda a criar demais, tentar controlar isso é uma ilusão, melhor tentar a ignorância, desistir inicialmente do assunto focando em outro, de preferência outros de mais fácil solução, depois, com menos problemas pendentes (menos macacos) tudo ficará mais fácil, inclusive a solução do que resta.

O foco aliás é algo a se pensar, hoje se valoriza muito a habilidade multitarefa, e considero a mesma muito importante para lidar com esse mundo acelerado que vivemos, mas defendo algo menos genérico, algo como multitarefa ponderada pela importância, ou seja o que for mais importante deve ter apenas mais atenção, mas mais do seu tempo, mais do seu foco (até mesmo todo o foco), mesmo que o menos importante seja mais trabalhoso e demorado, e acabe perdido nas listas de coisas que queremos (mas dificilmente vamos) fazer.
Em relação a saúde, outro sinal ao meu ver, nada além de nosso misterioso corpo e mente tentando impor sua necessidade sobre a vontade distorcida da razão, e posso apostar, ele sempre ganha enquanto estamos vivos, e esse nosso corpo geralmente é tão torrão que quando não pode ganhar ele usa de um artifício complicado, morre! Embora triste, esse artifício me faz ver o quanto somos frágeis e quão importante é atentar aos sinais que a vida nos dá, ver que precisamos mudar atitudes para ter consequências mais amenas, :), mais felizes.

Enfim, minha sugestão para lidar com a correria é observar o que nos está faltando e os sinais da vida, o que nossas atitudes estão nos tirando e mudar de caminho, sair do modo automático, deixar que os macaquinhos das nossas idéias vivam livres e saudáveis para tornar esse mundo melhor durante nossa curta passagem, pelo menos melhor para nós mesmos!
Abraço a todos,
Omar