Lençóis Maranhenses

A viagem para Lençóis também surgiu de um convite, ao comentar com uma amiga que minha pesquisa sobre o local era meio decepcionante, pois parecia já ser bem turístico, ela trouxe a solução perfeita, um roteiro pelos lençóis Oeste, parte de difícil acesso, guiado por uma empresa especializada que possuía estrutura no local, além de jipes, um caminhão bem marrento 6×6 e pra melhorar, um grupo pequeno, parecia bom demais pra ser verdade, embarquei na hora.
 
Saímos de São Luiz, claro, lá que chega avião, mas o roteiro foi incrível, envolveu horas de balanço nas dunas, com direito a travessia de pequenos rios, parada para desatolar uma vaca (depois uma pra desatolar o jipe também), até chegarmos a um acampamento que mais parecia um hotel 5 estrelas nas minhas exigências da época, barracas altas com camas de campanha já montadas, um redário que foi muito concorrido nos dias seguintes e uma estrutura para a cozinha, com direito a um chefe de cozinha muito bom, eu realmente guardo com carinho na memória o prato de Pitu (uma espécie de camarão gigante de água doce que eu desconhecia) ao molho de laranja, estava divino.
 
Por alguns dias saíamos cedo nos Jipes, íamos até alguma lagoa e podíamos nos banhar, outras vezes só fotografar, a beleza era estonteante, as cores da água variavam de um verde esmeralda a um azul profundo, o vento dava um show a parte formando dunas nos formatos mais inesperados e quando o sol baixava, as cores mudavam, do branco puro ao vermelho, as areias se tornavam algo impossível de não se fascinar.
 
Passamos também por uma pequena cidade onde dava gosto de ver as crianças se divertindo em um belo lago que havia por lá, ou no lombo de um jegue, foram momentos mágicos, pena que duraram só uma semaninha.
 
De lá voltamos pra São Luiz e resolvi estender a viagem, resolvi que os lençóis só se revelariam se vistos do alto e então alugamos um teco-teco para sobrevoar a região, a essa altura da vida eu já sabia que teco-tecos não eram meu meios de transporte prediletos, mas valeu a pena e no dia seguinte, venci um pouco a teimosia contra lugares turísticos e segui pra Barreirinhas, já era turístico certamente, mas eu acreditava que não poderia ser tão ruim assim, de fato não era péssimo, conheci mais algumas lindas lagoas ao redor de Barreirinhas, mas considerando que pretendia ficar por lá 3 dias e não aguentei sequer a primeira noite, melhor não entrar em detalhes, em tempo, a culpa foi do calor, o ar condicionado do hotel que achei não era capaz de reduzir dos 40 graus a noite pra os 20-25 necessários do meu sono, depois vim a descobrir que isso era culpa do telhado, não do ar-condicionado, mas precisei sair de lá pra descobrir isso.
 
Logo cedo segui juto com os amigos em voadeiras pelo rio Vassouras até o final, ali se iniciava um novo roteiro, nesse primeiro dia foram umas 6 horas de voadeira, até o vilarejo no Pontal de Brasília que ficava na foz do rio Vassouras, eu estava bem ansioso pra descobrir se sobreviveria ao calor no pontal de Brasília considerando que não havia energia elétrica por lá, mesmo assim segui viagem.
 
O Pontal de Brasília foi uma das melhores surpresas da viagem, não havia praticamente nada lá, apenas um bar/lanchonete/mercadinho/etc e seguindo mais um pouco adentro no mangue formado na foz, uma pousada com simpáticos quiosques com telhados de palha de buriti, aqui aprendi que tecnologia alguma supera o conhecimento popular, nos quiosques, sob os telhados feitos nos mesmos moldes que os índios faziam há séculos, não havia calor algum! Era impressionante! Melhor noite da viagem.
 
Ficamos uma noite apenas (infelizmente), logo cedo no dia seguinte novos 4×4 vieram nos buscar do outro lado do rio (aqui vale uma lembrança interessante, o barco que usávamos por lá no pontal não tinha motor, segundo a dona da pousada, os motores eram muito caros para os ribeirinhos, mas estavam economizando e pretendiam comprar um pelo menos em um ou dois anos, povo perseverante), assim atravessamos o canal a remo e lá encontramos nossa nova carona, destino Delta do Parnahiba, no Piauí, mas isso já é outra história. Vejam as fotos abaixo.